Lá vem ele, em sua estrada que não parecia tão longa, no entanto, mais caminhava mais parecia que o caminho se alongava, sabia que estava chegando ao final, mas a cada metro que avançava parecia que ficava mais lento, devia ser o peso, estava já tão pesado, tão cansado, pudera não era fácil ser tão impassível.
Sim, impassível, ao mesmo tempo que assistia quadros de alegria, assistia os de tristeza, aconteciam ao mesmo tempo, o tempo todo.
Ninguém entendia, no entanto ele sabia, que as alegrias eram o conforto de alma que o Pai enviava para restaurar forças, para poderem enfrentar os tempos de tristeza. Já os de tristeza, eram o aprendizado necessário para a alma se reformar e através desta reforma lenta alcançar finalmente o grau onde o amor a invadirá de tal forma que praticar o bem será um ato natural e espontâneo, tornando-se então merecedora de galgar degraus que a levará para os mundos mais evoluídos, onde o aprendizado é realizado de forma alegre, não existindo ali tristeza, provas ou expiações.
Portanto, insensível não era, apenas entendia que o remédio amargo era o que traria a felicidade em bases tão sólidas, que jamais a alma a perderia, então os momentos tristes seriam benditos, o caminho para o verdadeiro tesouro, o único que levamos para as outras vidas.
Bem, agora já estava chegando, como no ano anterior entregaria a missão para o próximo, ele iria descansar do peso que carregava, cada qual com a sua missão.
Finalmente, chegou, olhou para o seu sucessor e o abraçou, ele sorria, sabia que a missão era difícil, mas, como ele, estava preparado, entraria no tempo novo que o Tempo a ele tinha dado e este tempo distribuiria por igual a toda humanidade, cada um o aproveitaria como bem o quisesse, segundo o livre arbítrio de cada um.
E ele passaria impassível, cumprindo o seu dever, em sua essência agora leve, acumularia o peso do choque das emoções, não teria direito de expressá-las, deveria apenas passar e deixar cada um viver o seu tempo.
O ancião abraça o jovem, vai se retirando de cena e aos poucos o peso vai sumindo e a juventude retorna, o jovem vai entrando, festejado por todos, mas logo começa a sentir o choque das emoções desencontradas, balança a cabeça, olha os céus e sorri, sua fé é enorme, sabe apenas uma coisa confia, porque o amanhã é sempre uma certeza.
Luconi
28-12-2013