Aguçava-me a curiosidade,
cada vez que algum via,
quanta sabedoria teria,
este povo da antiguidade.
Sabia que estavam próximos,
sem querer os achara,
agora os observava,
sem notar que era notada.
De repente a minha frente,
uma velha cigana aparece,
os cabelos brancos emolduram sua face,
os olhos brilhantes denunciam bondade.
Aproveito a oportunidade,
logo vou dizendo,
fala-me de seu povo,
da sabedoria que escondem.
Ah menina perdida,
dentro deste mundo de gadjos,
uma tribo que é tão grande,
mas tão desunida.
Nós somos ditos malditos,
por muitos deste seu povo,
somos olhados com desconfiança,
sem nenhuma causa justa.
No entanto veja,
somos em número pequeno,
mas unidos como nós,
em seu mundo não há.
Cigano tem lei e respeito,
tem também muita fé,
neste mesmo Cristo,
que morreu por todos nós.
Dizem que viemos da India,
passamos por lá sim,
mas bem antes de Cristo,
estivemos no Egito.
Escondemos nossa origem,
com medo de perseguição,
mas mesmo assim milhares foram mortos,
nos campos de concentração.
Ah! Mas de nós ninguém fala,
poucos se importaram,
acham que cigano não é gente,
que mereça atenção.
Algumas vezes fomos exilados,
outrora feito escravos,
depois separados do nosso povo,
que nos achavam impuros.
Atravessamos países,
depois continentes,
atravessamos os mares,
nosso povo foi se espalhando.
As tribos foram ficando,
nas regiões mais amigas,
por este grande mundo,
cada uma seguiu seu destino.
Gostamos de estar livres,
junto à natureza,
mas o gadjo ignorante,
a destrói a todo instante.
Filha de gadjo te digo,
a razão de estarmos juntos,
de não termos sido extintos,
é a grande fé que sentimos.
Respeitamos uns aos outros,
respeitamos os costumes,
a lei dos ancestrais,
o saber dos antigos.
Amamos a natureza,
amamos a todo ser,
amamos a nossa tribo,
amamos o Criador.
Se muitos nos desprezam,
é por pura ignorância,
não conhecem a nossa essência,
por não conhecer inventam.
Não se preocupe com meu povo,
preocupe-se sim com o seu,
que se perde na ignorância,
dos antigos ensinamentos.
Não ouvem os mais velhos,
não estudam dados históricos,
para eles tudo é arcaico,
vivem só para si e para o momento.
Volta para teu povo,
que para o meu eu volto,
um dia teu povo entenderá,
o porquê da existência do meu.
Luconi
13/05/2010