O
Portuga lá da banca de jornal da estação, é uma pessoa cativante, faz amizades
facilmente e ainda por cima é confidente de muitos. Um dia, o portuga resolveu
tirar férias, aproveitando a vinda de um sobrinho lá das terrinhas, treinou o
rapaz e resolveu ir para perto do mar. Acabou pelas bandas do tal Guarujá, que
tanto ouvia falar, lá na estação de Sorocaba, terra bendita que tão bem o recebeu.
Estava
há poucos dias na cidade, aproveitando aquele marzão quando o acaso se
apresentou, ao pegar o carro para voltar para a pousada que se hospedara, o
carro não saiu do lugar, simplesmente resolveu que não ia andar e deixou o
portuga na mão.
Não
lhe foi difícil encontrar um mecânico, sua fala fácil fez com que rapidamente
trava-se com aquele bom homem certa amizade. Acabou que enquanto esperava o
concerto aparece a esposa do mecânico, preocupada com o marido que se demorava
a chegar para o jantar.
Portuga
preocupou-se agora é que ela ia fazer o homem deixar o resto do trabalho para
amanhã, mas quem sabe um dedo de prosa e ela se esqueceria da hora.
Conversa
vai e conversa vem, ele comentou que era de Sorocaba e que trabalhava na
estação. Então a jovem senhora pôs-se a falar sobre alguém que conhecera há
muito tempo, que havia posto moradia em Sorocaba, era ele engenheiro, mas ali
estudara advocacia, pois este era seu sonho.
O
Portuga interessou-se, conhecia alguém assim, perguntou sobre a infância da
senhora, que começou a lhe falar sobre a infância difícil, um pai enérgico com
uma educação debaixo do reio, sua fuga era os livros de belas histórias,
repletos de príncipes e lindas donzelas.
Portuga boquiaberto, não acreditava no que
ouvia, não seria possível, tanta coincidência e não se aguentando abriu a boca.
-
Maria, tu és a Maria do meu amigo Mario?
Ela
começou a gaguejar, finalmente perguntou se ele conhecia o Mario.
-Maria
claro que conheço, o pobre ainda vai todo entardecer na estação, senta sempre
no mesmo banco e aguarda o trem na esperança que tu chegará de braços abertos.
Mas tu estás muito bem, encontraste teu grande amor, vê-se pelo brilho dos
olhos de ambos que são felizes.
Ela
ficou rubra, o marido não sabia se intervinha ou não, conhecia a história, só
não sabia que o tal Mario ainda vivia na esperança de tê-la.
-Maria,
você se esqueceu daquele trem, quando outro passou na sua estação, outro que
era de verdade e não fruto de seus livros com contos encantados. Você viu em Mario
o príncipe de seus livros, livros reais, mas com histórias irreais tudo de faz
de conta. Viveu o amor das histórias que lia e quando ele quis que você fosse
com ele, você não conseguiu, porque seu amor era de conto de fadas, era uma
ilusão que não se tornaria realidade.
Maria
já estava com lágrimas nos olhos, o Portuga deu-se conta de quanto estava sendo
cruel, ela não havia se dado conta que tudo que vivera, da parte dela, era só
uma história de seus livros que queria encenar, um sentimento que criou para
fugir da sua triste e dura rotina.
-Ah
Maria, Mario não seguiu sua vida, nem se deu a oportunidade de tentar.
O
marido, que estava bastante sério, abraçou-a.
-
Ela não tinha consciência do estrago que fez na vida dele. Mas agora você pode
corrigir, conte a ele que a encontrou, se ele quiser pode vir vê-la, constatar
com seus próprios olhos, afinal nunca é tarde para iniciar uma nova vida.
Quando
voltei esperei o entardecer para falar com José, queria conversar com ele ali,
naquela estação, naquele banco seu companheiro de anos.
Não
foi fácil, mas de repente depois de uma pausa mais longa, com seus olhos cheios
de lágrimas, ele sorriu.
-
Meu amigo Portuga, depois de tantos anos sinto-me leve, ela está feliz, agora
posso por o ponto final e guardar este livro que jamais será esquecido, no baú
de recordações.
Levantou-se
do banco, sorrindo disse:
-Vamos
meu amigo, tenho pressa, hoje inicio um novo livro.
Luconi
31-07-2012
Este conto foi inspirado na vida real, vida esta contada num dos mais belos livros que li ultimamente, A VIAGEM DE EVANIR GARCIA, vale muito a pena ler, rir, chorar e se inspirar como eu.
Para adquirir é só escrever para
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