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terça-feira, 30 de agosto de 2011

ESPÍRITO DO AMOR


Neste mundo eu pousei,
com o peito aberto,
acreditando que podia,
ao mundo abraçar.


Por muitas paragens voei,
do ser humano me aproximei,
com minhas asas o protegi,
com meu amor o aqueci.


Ele me rejeitava,
nada o satisfazia,
o que pertencia a outrem cobiçava,
a inveja e a ganância dele conta tomava.


De um lado para o outro,
em vão eu voava,
assim que um protegia,
outro esse um atacava.


Parecia que nada adiantava,
inocentes eram atacados,
puros eram conspurcados,
meu peito de dor sangrava.


Refugiei-me no mais alto cume,
ali fiquei assistindo,
o caos conta foi tomando,
o homem em si e por si se perdia.


Então eu entendi,
são crianças grandes,
não entendem o que fazem,
a razão de viver desconhecem.


Minhas asas então abri,
como imã  atraem,
aqueles que em si caem,
preparados para aprender.


Nunca mais os abandono,
em suas almas faço moradia,
ensinando-os e os encaminhando,
na jornada da evolução.


Luconi
29-08-2011


sábado, 27 de agosto de 2011

VERDADES


Olhem só minha raspinha, cresceu, abri meu email e ela me mandou de presente uma poesia de sua autoria, nossa é a primeira vez que me mostra algo de sua autoria, estou babando.


Verdades

Às vezes pensam por si
E somente em si, é o normal na realidade.
O que fazer com essa verdade?
Nada, além de parar para refletir.
Mudar um mundo inteiro afinal é impossível,
Completamente fora de possibilidade.

Ah o pessimismo!
Desculpa para os fracos,
Desculpa para os homens,
Desculpa para a maioria
Evitar tentar ou lutar,
Afinal por quê?
Se irá tudo se arruinar.

Não desista NUNCA da luta,
Não desista de sua fé
E muito menos de sua crença
Vá em frente sempre
Lute, persista e vença.

O maior fracassado enfim
É aquele que nunca tentou
Por medo, por desatento,
Ou porque simplesmente desanimou.

O mundo não gira em torno dos fortes
O mundo não gira em torno dos fracos
O mundo não gira.

Uma afirmação meio absurda
Em meio a tanta tecnologia,
Mas na correria do dia a dia
A vaidade subitamente
Acaba por subir em nossas mentes
Tornando-nos simples seres
Pensantes e delinquentes.

Camila Luconi

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A MENINA VOADORA NA ESCOLA LANÇAMENTO


A menina voadora,
é muito da arteira,
arteira e confiante,
em seus sonhos acreditando,
criou asas, saiu voando.

Por onde passa,
vai levando a esperança,
as sementes espalhando,
o amor brotando,
um mundo novo criando.

Abrão as suas janelas,
que ela já está chegando,
em sua casa aterrissando,
as crianças felizes vão ficando,
em seus sonhos vão viajando.

Aprendendo que a esperança existe,
que o amor traz a fraternidade,
alcançando a felicidade,
sonhos se tornam realidade,
bastando para isso acreditar.

A menina voadora acredita e você?

Luconi

Este é o segundo livro da coleção Menina Voadora,  o primeiro foi e continua sendo um sucesso, esta coleção  é um sonho, um sonho que Anne realiza regar a sementinha do Amor nos coraçãozinhos de nossos anjinhos, fazendo nascer a esperança, tão necessária para a concretização dos sonhos. 

Anne Lieri uma grande mulher que deixa a criança que vive dentro dela falar mais alto. 
Clique para conhecer seu blog

sábado, 20 de agosto de 2011

PEDACINHO PERDIDO


  
Estava caminhando pela estrada da vida, quando reparei que havia perdido um pedacinho de mim.

Pus-me a procurar e fiquei tanto voltas que acabavam sempre no lugar em que eu havia sentido a sua falta, não percebi o tempo passar e de repente um senhor de idade avançada apareceu vindo do mesmo caminho que eu já havia passado.
Passou por mim sem me perceber e eu sem saber o porquê, o chamei.

- Desculpe senhor, por acaso viu um pedacinho de mim por este caminho, eu o perdi e não me dei conta.

- Pedacinho de você?

-Sim, sabe tenho perdido alguns pedacinhos nesta minha estrada, todos da mesma forma, sentia que ia perdê-los, mas não conseguia evitar.

-Bem, olhando agora dentro de você, percebo várias cicatrizes, são os pedacinhos que perdeu e realmente tem um lugar que está aberto, deve ser este que você procura.

- Bem gostaria de encontrá-lo, pois neste pedacinho estava a realização de um grande sonho de infância.

O senhor olhando-me bem nos olhos, falou-me suavemente.

- Filha, está aberto sem sinais de cicatrização por que você não quer cicatrizá-lo, desde que percebeu a sua perda, insiste em voltar para trás, não percebe que os sonhos não se perdem, eles se transformam e assim que você permitir a ferida cicatrizará, como cicatrizou todos os outros pedacinhos que você perdeu.

Não se esqueça filha, para traz na estrada da vida, você não pode andar.

Sem mais nada dizer, foi-se embora, e eu entendi, não se vive do passado, a vida é eterna renovação, e juntamente com ela os sonhos não só se renovam como se transformam.

Luconi
04-12-08

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

PERDEU-SE UMA MENINA



Perdeu-se uma menina,
não se sabe há quanto tempo
ela foi desaparecendo,
no meio de um nevoeiro.

No inicio o sol imperava,
mesmo em dia nublados,
que era passageiro,
pois o sol o expulsava.

Mas não se sabe a razão,
o nevoeiro iniciou,
no principio só leve cortina,
envolvendo o coração.

Denso foi se tornando,
 a imagem da menina,
ia enfraquecendo,
até que não mais existia.

No lugar da menina,
uma guerreira surge,
luta então bravamente,
perde, cai e se levanta.

Não abandona a luta,
a fé lhe traz esperança,
a batalha é sua,
no fundo de seu triste olhar,
encontro aquela menina.


Luconi
16-08-2011

terça-feira, 16 de agosto de 2011

SOU REI SOU SÁBIO SOU HERÓI




Nesta cidade de pedra,
onde tão só me sinto,
 tudo parece tão grande,
eu sou tão pequeno.

Difícil conseguir espaço,
para poder viver,
em meu cantinho me recolho,
de migalhas eu vivo.

A migalha de um emprego,
dado a mim por favor,
pois na fila são tantos,
eu só mais um sou.

Por mais que trabalhe direito,
faço o meu e o dos outros,
não ganho nem obrigado,
apenas humilhado.

O patrão deixa bem claro,
não faz mais que obrigação,
se quiser manter o emprego,
e tirar daqui seu pão.

Chego em casa acabrunhado,
o corpo dói de cansaço,
a alma dói humilhada,
mas nos lábios um sorriso.

É que nesta taperinha,
neste pedacinho de chão,
estendem-se dois bracinhos,
enlaçando-me o pescoço.

Olha aí aqui sou rei,
e ninguém diga que não,
pois o Pai com compaixão,
grande tesouro me deu.

A companheira me serve,
um copo de café,
diz-me só tem este,
 mas teu é.

Enquanto isto o pequeno,
aconchegado em meu colo,
quer que eu seja cavalinho,
fazendo-me esquecer o cansaço.

Coitado do meu patrão,
que para se sentir rei,
tem que humilhar o irmão,
jogando-lhe na cara o pão.

Amanhã estarei lá,
com as forças renovadas,
pois aqui eu sou amado,
sou rei, sou sábio, sou herói.

Luconi

07-08-2010 


domingo, 14 de agosto de 2011

VIDAS QUE SE COMPLETARAM



Hoje me lembrei da história que vive, como fruto de um amor, sinto-me tão bem ao lembrar,
para muitos pode parecer  uma história fictícia, talvez um conto de fadas, mas eu posso garantir, foi real e verdadeiro, eu estava lá.

Ainda aos treze anos Odette abria a janelinha da porta de sua casa, para ver o seu eleito passar, ele não percebia, pois ela nas sombras se escondia.

Três anos mais velho que ela, já se julgava um homem, era ajudante de ferramenteiro nada ganhava,
apenas uns safanões se não prestasse atenção, estava ali para aprender, assim era naquela época, a nona, sua mãe dava “grazie ao Dio” por ter conseguido a vaga de aprendiz para ele.

Quantos sonhos entrará para o SENAI, estudaria ferramentaria e também desenho mecânico, uma oportunidade e tanto, poucos tinham a chance e ele só estudara até o quarto ano primário, mas era muito dedicado, iria conseguir.

Namorar, não por enquanto só flertar, e de preferência meninas fora do bairro, para não pegar mal. Assim passaram-se alguns anos, ele já percebera a menina que todo dia o aguardava, mas fazia que não via, ela era de família, e depois seu coração batia muito forte quando a via, aqueles olhos verdes rasgavam-lhe a alma, ela não podia perceber, senão estaria em suas mãos.

Bem, tentou fugir não deu, ela não saia de sua cabeça, sabia que a menina não namorava ninguém,
nem flerte ela aceitava, nas domingueiras a todos recusava, e quando ele se aproximava, seus olhos ela abaixava, as faces ficavam rubras, e de repente os dois só gaguejavam.

Não podia ser diferente, o amor era puro, sincero, e Giordano e Odette, em um quatro de setembro, tornaram-se marido e mulher. A luta foi muito grande, vocês nem imaginam, a mãe de Giordano não queria uma neta de italianos, estava de olho em uma italiana pura, saída do forno. Nunca se conformou, vivia na casa da nora, eram vizinhas, fuxicava o que podia, aumentava e dava a entender, todo dia era assim, Dete não limpa casa, a comida não é boa, não cuida das crianças, e exigia atitudes dele.

Nossa demorou bem uns quinze anos para se mudarem para longe dela, e só aí é que Giordano se deu conta de como a mãe inventava, longe viviam em paz.

Tiveram quatro meninas e um menino, eu sou a terceira filha, imaginem se a nona não aprontou uma briga quando soube que eu vinha, coitada, no início nem na cara me olhava, um dia me segurando no colo, ela foi com tudo pro chão, quebrou o nariz.  Até Giordano disse, é mãe a senhora não a queria.

Giordano se formou antes de se casar, a mãe lhe emprestou dinheiro para comprar um torno, em troca de que em cinco anos colocasse o irmão mais novo como sócio, ele aceitou, queria progredir.
E progrediu, com muita luta um dia percebeu que ganharia mais se comprasse uma mula manca, (máquina de injeção de plástico), havia guardado dinheiro, adivinhem seu irmão agora sócio e seus pais, aprontaram a maior revolta, e ele não ouviu e quando menos esperavam, a tal mula manca foi entregue.

Em poucos anos ganharam a confiança do mercado, fabricavam para as metalúrgicas, e haviam conseguido a Brasilit, a Eternit e a Duratex então Deca, aos poucos começaram a fabricar a linha para lojas de material de construção, e o deslanche foi automático, uma coisa puxava a outra.

Odette ali, firme forte, ao lado de seu adorado Nano, vocês não imaginam como era o amor deles, ela o apoiava em tudo, muito simples, ingênua mesmo, com um coração que abrangia a todos, não via maldade em ninguém, costumava disser que “ todos nesta vida vem para pagar alguma coisa, mas eu não precisei pagar nada, tudo o que quero é meu Giordano e tenho”, isto depois de vinte e cinco anos de casado.

Fui secretária de meu pai, trabalhei lado a lado, anos a fio, íamos e vínhamos juntos para o trabalho, o dia que ele esquecia de dar um beijo nela ao sair, ele me dizia, Má corre liga pra mamãe e me passa a ligação,  ela está triste eu esqueci de beijá-la.

Assim eles eram, quando papai chegava do trabalho, mamãe já com a janta pronta, subia as escadas com ele, e ficavam a confabular, no banheiro tinha uma cadeira que ela sentava e enquanto ele tomava banho, contavam as novidades do dia.

Nossa o amor se sentia no ar, era uma vida rotineira, às vezes interrompida com este ou aquele fato, triste ou alegre, mas tudo era resolvido, e voltava-se ao normal, éramos tão unidos. Mesmo depois quando as filhas foram casando e acabou ficando só o menino, raspa de tacho, orgulho deles.

Giordano mais uma vez iniciou um empreendimento contra a vontade de seu irmão, a fábrica pequena, não suportava mais máquinas, estavam já com sessenta funcionários, e estavam num bairro que era comercial e residencial, pagavam todo ano certa quantia para a fiscalização não denunciar. Ele não teve dúvidas, comprou um terreno em local próximo, mas zona fabril, e começou a projetar a nova fábrica, seu irmão não quis saber dos projetos, era contra, tinha medo de mudar e se de repente os pedidos caírem. Giordano fez tudo sozinho, contratou engenheiro, juntos fizeram a planta e depois a construção, enorme, também foi já comprando máquinas modernas automáticas, e seu irmão de nada participava, dizia não querer saber.

Bem ele concluiu o projeto, iria mudar a fábrica aos poucos, não poderia paralisá-la, os prejuízos seriam imensos, calculou que levaria quase um mês para a mudança de tudo. Mas os projetos estavam em sua cabeça, seu irmão não queria saber, e nas vésperas de iniciar a mudança, de instalar a primeira máquina, Giordano vítima de um infarto do miocárdio fulminante faleceu.

Imaginem o desespero nosso, a dor, e Odette, que apenas falou “ agora filha começou o meu resgate,
e só terminará no dia que eu ir ao seu encontro através da grande viagem”.

A mudança da fábrica? Ah adiaram por um ano, o Luiz irmão de Giordano precisou contratar um acessor para aprender a lidar com a parte que Giordano lidava.  Luiz sempre foi um homem muito trabalhador, era o primeiro a chegar e o último a sair, mas nunca se interessou pela parte administrativa, ficava nervoso porque Giordano participava das decisões referentes a produção, sentia-se diminuído, não sei porque pois sempre ficou bem claro que Luiz era um gênio no que fazia. Contudo no que se referia a decisões administrativas, ele se escusava, não queria tomar parte, e disso sou testemunha, muitas vezes o vi dizendo vocês resolvam, virava as costas e voltava para dentro da fábrica.

Bem, Odette permaneceu sem o seu Nano por nove anos, vítima de cirrose devido a uma hepatite que não sabia que tinha, após seis meses de luta, atravessou a ponte, deixando-nos repletos de saudades.

O exemplo de vida de Dette e Nano, gente simples, sem maldade, doadores naturais de amor que no anonimato muitas sementes de amor espalharam, a muitos ajudaram sem nada falar, sem fazer alarde. Nós seus filhos só descobrimos depois que eles haviam feito a grande viagem, quando alguns nos procuraram contando-nos suas histórias oferecendo a nós sincera amizade, como única forma que encontraram para agradecer os grandes amigos, e digo a vocês a maioria gente humilde de pouco poder aquisitivo, mas com um coração repleto de gratidão.

Mamãe, papai vocês foram nesta terra, gente em todos os sentidos da palavra, e eu quero gritar ao mundo o quanto os amo, e um dia quando atravessar a ponte sei que estarão ali de mãos estendidas para me guiar no novo lar.

Luconi 
27-11-09 

NÃO TEM COMO HOMENAGEAR MEU PAI SEM HOMENAGEAR MINHA MÃE, PARA MIM UM ESTÁ UNIDO AO OUTRO.
AMO VOCÊS SEMPRE 


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

LONGA CAMINHADA


  
Andei por estas terras,
pelas montanhas rochosas,
vivi em cavernas,
corri pelas florestas,
alcancei as campinas,
no frio quase congelei,
os desertos conquistei.

Através dos tempos,
e das eras,
levantei e caí muitas vezes,
cada queda nova dor,
até finalmente aprender,
seguindo sempre em frente,
longo é o percurso.

Hoje olho a terra,
não consigo visualizar,
as belezas de outrora,
nem aquela humanidade,
que vivia a sua infância,
pelos instintos regida,
do racional só lampejos.

O bom era bom,
lapidara seu instinto,
o emocional positivo vencia, 
o mau era mau,
levado pelo emocional negativo,
a malicia da falsidade,
ainda não aprendera.

Hoje bons e maus se misturam,
a falsidade reina,
não são mais crianças,
são espíritos adultos,
a maioria pensando só em si
no passado bons e maus,
em sua tribo pensavam.

Ah! Esta transição,
demora a passar,
quantos de nós,
não ficará pra trás?
Meu coração sangra,
se for para frente,
chorarei pelos retardatários.

Se ficar para trás,
chorarei pela derrota,
pela dor dos que em mim confiaram,
de qualquer forma,
não haverá transição sem dor,
no Pai eu confio,
o Mestre jamais me abandonará.


Luconi

11-08-11


CONSCIÊNCIA EM PAZ







Sentada naquela soleira,
de certa noite se recorda,
que pedira ao Pai ajuda,
não ser levada pela cólera, 
balanceando razão e emoção,
tentando uma solução.


Sorri tristemente,
o seu intento conseguira,
a cólera controlara,
agindo racionalmente,
tanto se desgastara,
em vão nada adiantara.


Além dela nada mudara,
pior que estava cansada,
sem forças para nada,
sentia-se enclausurada,
do mundo amedrontada,
a vida agora passara.


O Infinito olhando
 as lágrimas rolando,
a suave brisa na face,
sente-se liberta,
o Pai presente está,
ela O sente.


Tem certeza agora,
não foi em vão a luta,
a derrota é passageira,
a semente foi plantada,
na hora certa germinará,
indo ou ficando,
a missão realizada está.


Luconi
11-08-2011

terça-feira, 9 de agosto de 2011

AMANHÃ QUEM SABE



Sentou-se na soleira da porta, sentia-se tão cansada.
Mais uma vez, mais uma vez tudo fora por terra.
Bem não podia reclamar, afinal bem sabia há um ano atrás, quando após o basta, voltara atrás, acreditara em uma nova chance, acreditara não acreditando, mas lhe tinha tanto amor, não saberia seguir a vida vendo-o tão infeliz.

Quando se separaram ela não fez planos para si, ela só queria viver em harmonia, sentir a alegria de um novo amanhecer, sem se preocupar em pisar em ovos.

Sabia que parcela da culpa também era sua, afinal de contas ela que normalmente tinha uma enorme paciência, deixara as coisas se avolumarem de tal forma que agora por qualquer coisinha explodia, era levada pela cólera e com isso sempre falava tudo da pior forma.

O orgulho em demasia, a cólera, era o que combatia no companheiro, agora justamente ele que despertara nela um sonho que há muito já tinha esquecido, ele que fez nascer este amor imensurável, justamente ele fazia renascer dentro dela um dos piores defeitos da alma, a cólera.

Deste a tenra idade sofria com isso, um dia ajoelhada em seu quarto, pediu do fundo de sua alma, que Jesus a ajudasse a segurar sua língua, que ela nunca mais se deixasse levar pela cólera. Sabia que quando explodia perdia sua razão, que de vítima passava a algoz.

Com o tempo, aos poucos foi mudando, pensou até que tinha curado a alma de tal doença, mas agora com o companheiro, após dez anos de luta contra o seu orgulho que o levava a crises de cóleras, viu-se retroceder, de repente após ter tentado de tudo, deixava o sangue subir-lhe a cabeça.

Não, não poderia continuar assim, ali sentada na soleira da porta, olhando para a noite, pensava em uma saída, mas se fosse só ela, tinha também a filha, já adolescente, mas exatamente por isso, precisando de alguém estável de seu lado.

Suspirou fundo, firmou o pensamento nos céus, orou em silêncio: Pai, ainda não me curei, a ferida acabou se abrindo,
preciso contê-la, preciso equilibrar o racional com o emocional, preciso buscar a minha harmonia interior.

Perdoa a queda, dai-me forças,
não permita que ele me leve à anulação de mim mesma, mas que eu continue a lhe estender a mão para curá-lo do orgulho, da cólera e da depressão que o domina. Sei que Vós o colocou em minha vida, certamente não foi para eu cair, mas sim para que juntos nos tornássemos pessoas melhores. Confio em Vós.

Suspirou fundo, levantou, fechou a porta, sua filha a chamava:

-Mãe, fiz pipoca, vamos assistir o filme, chama o pai.

Ele estava no quarto, mal a ouviu já foi dizendo:-Não, não quero é tarde. Ela só disse: -Que pena.

Voltou à sala, sentou-se do lado da filha, acomodou entre as duas a travessa de pipoca, lhe dizendo:

-O pai está meio doente, amanhã, amanhã ele fica com a gente.



Luconi
 25/10/2009