Aquele homem simples,
era límpido e transparente,
sonhos trazia em sua bagagem,
recolheria das ruas,
quem nenhum teto tivesse.
Era um ambulante,
vendia de porta em porta,
casa simples ele tinha,
seu amor o abandonara,
vivia muito só.
Aos dezesseis os pais faleceram,
deixaram-lhe aquela casa,
por dentro era pequena,
mas o quintal era imenso,
construiria um galpão.
Precisaria de ajuda,
um irmão de ideal,
os recolhidos teriam que trabalhar,
mas tratados primeiro seriam,
tinha tudo na cabeça.
Em vão procurou,
todos o chamavam de louco,
um dia encontrou alguém,
alguém com o mesmo sonho,
já o estava realizando.
Falou de seus sonhos,
o novo amigo sorriu,
ajunte-se a nós,
uma oficina escola faremos,
lá no seu terreno.
Duas vezes não pensou,
não só cedeu o terreno,
como abrigou alguns na casa,
para alfabetizá-los aulas noturnas dava,
o trabalho não abandonava.
A luta era árdua, sempre alerta estavam,
o maior inimigo era o alcoolismo,
os reintegrados se ajuntavam na luta,
alguns formavam família,
mas para ajudar sempre vinham.
Os conhecidos os chamavam de loucos,
alguns vizinhos chamaram a policia,
pela segurança da familia temiam,
afinal eles abrigavam mendingos,
foram ao juiz.
O juiz homem digno,
neles não viu nenhum mal,
os preconceituosos vizinhos,
tiveram que se aquietar,
mas a fama de loucos tiveram que aguentar.
Passaram a receber ajuda,
mas não da vizinhança,
mas de gente não tão louca,
que muito ajudavam,
sem abrir mão de suas vidas.
Um dia sem esperar,
uma grande faixa viram,
colocada na frente da casa,
pelos mendigos regenerados,
era dedicada a eles.
Nós somos loucos, loucos por amar,
estender este amor ao mundo, dele se deleitar,
nós somos loucos, eles não o são,
vivem com o pé no chão, vazios, ocos mas sãos.
Nós somos loucos, asas criamos,rumo ao infinito
voamos,intensamente vivemos,nós somos loucos,
assim queremos ser, belezas mil vivenciamos,
eles com a suas sanidades, não vivem não deixam saudades, apenas passam, apenas passam.
LUCONI
17-09-2009